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08 - Sobre o "Pacto de Umar" - Lewis B. Woods

Sobre o "Pacto de Umar" – Lewis B. Woods
(29/04/2067)

No ano 637, os exércitos muçulmanos começavam a cercar Jerusalém. O governador da cidade era o Patriarca Sophronius, representante do governo de Bizâncio e também líder da igreja Cristã. Embora cercados e sobrepujados pelos numerosos exércitos muçulmanos de Khalid ibn al-Walid e Amr ibn al-‘As, o Patriarca Sophronius recusava-se a entregar a cidade a menos que o próprio Califa de Medina viesse pessoalmente aceitar os termos de rendição.

Sabendo de tal condição, Umar ibn al-Khattab, saiu de Medina, localizada na Arábia e foi para Jerusalém. Lá chegando, foi saudado por Sophronius, que o levou para conhecer a cidade, incluindo a igreja do Santo Sepulcro.

Dizem que Sophronius convidou Umar para rezar dentro da igreja, mas Umar recusou, dizendo que se entrasse lá, os muçulmanos mais tarde iriam usar isso como argumento para transformar a igreja em uma mesquita, privando assim a cristandade de um dos seus locais mais sagrados. Em vez disso, Umar rezou do lado de fora da igreja, onde uma mesquita foi construída mais tarde, chamada Masjid Umar (a Mesquita de Omar).

Como fizeram com todas as outras cidades que conquistaram, os muçulmanos redigiram um documento que detalhava os direitos e privilégios dos muçulmanos em relação aos povos conquistados de Jerusalém. Esse documento foi assinado por Umar e pelo Patriarca Sophronius, juntamente com alguns dos generais dos exércitos muçulmanos. O texto do documento era:

Em nome de Allah, o Clemente, o Misericordioso. Esta é a garantia de segurança que o servo de Allah, Umar, o Comandante dos Fiéis, tem dado ao povo de Jerusalém. Ele lhes deu uma garantia de segurança para si próprios, para as suas propriedades, suas igrejas, os seus cruzamentos, os doentes e saudáveis da cidade e para todos os rituais que pertencem à sua religião. Suas igrejas não serão habitadas por muçulmanos e não serão destruídas. Nem eles, nem a terra onde residem, nem as suas cruzes, nem as suas propriedades serão danificadas. Eles não serão convertidos à força. Nenhum judeu vai viver com eles em Jerusalém.

O povo de Jerusalém deve pagar os impostos como as pessoas de outras cidades e devem expulsar os bizantinos e os ladrões. Aqueles entre o povo de Jerusalém que queiram partir com os bizantinos, tomem as suas propriedades e abandonem suas igrejas e cruzes, assim estarão seguros até chegarem ao seu local de refúgio. Os moradores podem permanecer na cidade, se quiserem, mas devem pagar impostos como os cidadãos. Aqueles que desejarem podem ir com os bizantinos e aqueles que desejarem poderão voltar para suas famílias. Nada é para ser tomado deles antes que sua ceifa seja realizada.

Se eles pagam seus impostos de acordo com as suas obrigações, então as condições estabelecidas nesta carta estão sob o pacto de Deus, são da responsabilidade de Seu Profeta, dos califas e dos fiéis.
Esse tratado passou a servir como base para o tratamento de cristãos e judeus como cidadãos de terceira-classe sob a lei islâmica, que lá viviam como “dhimmis”, ou “zimis e é um dos motivos que tornaram a vida dos Cristãos, Judeus e Não Muçulmanos sob o Islã tão miserável que obrigou milhões deles a adotarem o Islã só para poderem continuar vivendo.
Esse tratado foi sendo “aperfeiçoado” com o passar do tempo, deixando de ser um acordo entre iguais, mas sim uma condição de inferioridade declarada pelas pessoas do povo conquistado para poderem continuar residindo em localidades governadas pelas leis islâmicas.
“Declaração”: Nós não iremos construir, nas nossas cidades ou arredores, novos mosteiros, igrejas, conventos, ou célula para monges, nem iremos consertá-los, de dia ou de noite, mesmo que eles caiam em ruinas ou sejam situados nos bairros dos muçulmanos.

Nós iremos manter os nossos portões abertos para os transeuntes e viajantes. Nós iremos dar comida e alojamento por 3 dias para todos os muçulmanos que passarem no nosso caminho. Nós não iremos prover refúgio em nossas igrejas ou casas para qualquer espião, nem iremos escondê-lo dos muçulmanos. Nós não iremos manifestar a nossa religião em público e nem converter ninguém para ela. Nós não iremos impedir que qualquer um de nós se converta para o Islão se ele assim desejar.

Nós iremos mostrar respeito para os muçulmanos, e nós iremos levantar dos nossos assentos quando eles desejarem sentar. Nós não buscaremos parecer como os muçulmanos imitando o modo que eles se vestem. Nós não iremos montar em selas, nem cingir espadas, nem portar qualquer tipo de armas, nem as carregar conosco. Nós não iremos ter inscrições em árabe nos nossos selos. Nós não iremos fermentar bebidas (álcool). Nós iremos cortar as franjas das nossas cabeças (manter um topete curto como sinal de humilhação). Nós iremos sempre nos vestir do mesmo modo onde quer que estejamos, e nós iremos usar o “zunar” entorno das nossas cinturas (cristãos e judeus têm que usar roupas especiais).

Nós não iremos mostrar nossas cruzes ou os nossos livros nas estradas ou mercados dos muçulmanos. Nós iremos apenas usar chocalhos nas nossas igrejas bem baixinho. Nós não iremos aumentar as nossas vozes quando seguindo os nossos mortos. Nós não tomaremos escravos que tenham sido determinados para pertencerem aos muçulmanos. Nós não iremos construir casas mais altas que as casas dos muçulmanos. Qualquer um que espancar um muçulmano com intenção deliberada perderá os direitos de proteção deste pacto. (Al-Turtushi, Siraj Al-Muluk, p. 229-230). 

As “Condições de Umar” fazem parte da lei islâmica Sharia, na parte que trata da taxa do imposto jizya, no Manual Umdat as-Salik wa 'Uddat an-NasikThe Reliance of the Traveller (Guia do Viajante Seguro). 

Viver sob o Islã como não-muçulmano (kafir ou Kufar), é viver sob assédio constante. Torna a vida deles tão insuportável, que a única maneira de se livrarem do assédio, perseguição e do medo de serem mortos, é converter-se ao Islã.

Muitos podem pensar que a Declaração de Umar é apenas um documento histórico, mas de fato ela sempre foi usada por grupos fundamentalistas muçulmanos quando conquistam algum território. Um dos exemplos foi o do Estado Islâmico, localizado em partes dos territórios da Síria e Iraque.

Para continuarem vivendo lá, os não muçulmanos tiveram que fazer a declaração e pagar a “Jizya” (taxa de vassalagem). Outros grupos também fizeram algo semelhante (Abu Sayaff, Boko Haram, Al Shabab, Al Qaeda, Taliban...)

As consequências da aplicação dos princípios da declaração de Umar em países onde a Lei Islâmica Sharia é integralmente aplicada, são que Judeus e Cristãos desaparecem rapidamente, por conversão forçada ou por fuga desesperada. 

Desde o início do século 21 já não havia mais Cristãos e Judeus na Arábia Saudita, Iêmen e Irã e foram desaparecendo rapidamente em países onde a lei estava sendo aplicada majoritariamente, como na Líbia, Argélia, Egito, Paquistão, Afeganistão, Indonésia, Malásia e outros.

Já a partir dos anos de 2047, o mesmo processo passou a acontecer nos países europeus islamizados, como na Suécia, Alemanha, França, Itália, Bélgica, Holanda e outros.

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As crônicas “Anno Domini 2067” são publicadas em episódios individuais. Os episódios disponíveis estão neste arquivo pdf

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